terça-feira, 20 de agosto de 2013

TURISMO PARA IDOSOS

Turismo para idosos rende R$ 200 mil ao ano

Ex-tecelã contabiliza lucro com sua própria agência de turismo voltada à terceira idade. Crescimento da população idosa no País abre espaço a empreendedores e governo estimula crédito para viagem


Ex-tecelã fatura R$ 200 mil por ano com turismo para a terceira idade

População idosa cresceu 55% no Brasil em dez anos; governo estimula crédito para viagem

Taís Laporta - iG São Paulo |
 
Divulgação/Cinthe-Tur
Thereza Ramos Queda : a ex-tecelã que abriu sua própria agência de turismo

Debruçada sobre máquinas de tear, a tecelã Thereza Ramos Queda aposentou-se aos 40 anos devido à condição insalubre de seu trabalho. Foi o que a permitiu ter tempo para organizar excursões beneficentes que, mais tarde, converteram-se num negócio lucrativo voltado para a terceira idade.
Na década de 1970, Thereza levava amigos e parentes num ônibus fretado para entregar doações a internos do sanatório São Cristóvão, na cidade de Campos de Jordão, região serrana de São Paulo. Daí vieram as primeiras sugestões para que ela começasse a organizar passeios com grupos fechados para outros destinos.
Thereza fez um curso de guia turístico e, pelo boca a boca, passou a receber pedidos de orçamentos de viagens. Quando a demanda ficou fora de controle, viu que era hora de montar um escritório e oficializar a abertura da empresa. Em 2000, chamou a filha Cinthia para ser seu braço direito. A jovem abandonou o emprego na área de comércio exterior de um banco, e tornou-se sócia da mãe na nascente agência de turismo Cinthe-Tur, com sede em São Paulo.
No início, a ideia era direcionar os pacotes de viagens para o público em geral. Mas a predominância de pessoas de uma faixa etária avançada em certos passeios fez com que as fundadoras da agência passassem a dedicar serviços especializados.
                         
Leia também: Financiamento para o turismo brasileiro deve crescer 30% em 2013
           
Com faturamento anual em torno de R$ 200 mil, hoje a Cinthe-Tur conta com um diretor financeiro, sete funcionários e guias treinados para atender aos viajantes – cada vez mais exigentes – de terceira idade. Desde a criação da agência, a procura por destinos turísticos por parte de idosos, em grande parte mulheres viúvas, disparou 80%, calcula Cinthia.



Mercado em ascensão
           
O aumento da demanda por atividades recreativas voltadas aos idosos acompanha o salto da expectativa de vida experimentado pelo País: em três décadas, o indicador cresceu 11 anos, passando de 62 anos em 1980 para 73 em 2010, de acordo com dados divulgados este mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre 2001 e 2011, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil saltou de 15,5 milhões para 23,5 milhões, um crescimento de 55%. Hoje, os idosos já representam 12% da população.
Com tempo disponível e reserva financeira acumulada após anos de trabalho, a terceira idade está disposta a gastar mais seu dinheiro com atividades que proporcionem prazer e qualidade de vida. É um prato cheio para empreendedores, mas agradar tem seu preço.
Os turistas querem se sentir seguros e bem acolhidos nas viagens. “Nossos guias são preparados para atender às necessidades dos idosos”, conta Cinthia. Além da paciência com o ritmo lento de alguns viajantes, o profissional precisa auxiliar na hospedagem, ajudar o cliente nos cálculos das compras e estar atento a atividades que exigem muito esforço físico.
“Muitos reclamam de locais onde há muita escadaria e subidas, por isso os monitores devem saber os limites do passeio”, explica a sócia da agência, que evita oferecer, por exemplo, atividades de ecoturismo – a menos que o grupo se anime para uma tal aventura.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A preferência pelos passeios varia de acordo com o perfil do idoso, mas recreação e lojinhas de souvenires devem estar no roteiro de quase todos eles. E os tradicionais pacotes rodoviários para hotéis-fazenda não são a única pedida. Os serviços vão de passeios de um dia por teatros, jantares e shows, até destinos longínquos e exóticos como Moscou, Alaska e o arquipélago de Galápagos, no Oceano Pacífico.
Os viajantes mais dispostos topam até mesmo roteiros que causariam calafrios em muitos jovens. Através da agência, uma senhora de 88 anos chegou a andar de elefante na Índia, e agora planeja conhecer a Indochina.
 
 
 
Incentivo ao turismo
           
Ciente do potencial da terceira idade, o ministério do Turismo anunciou em maio deste ano que pretende relançar o programa Viaja Mais Melhor Idade. O objetivo é incentivar o turismo no País facilitando condições de crédito aos idosos, aposentados e pensionistas.
Para isso, o governo firmou um compromisso com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que se comprometeram a melhorar as condições de financiamento a esse público. A CVC, uma das maiores operadoras de turismo do País, também deu sinais de que pretende aderir ao programa, oferecendo cerca de 30 pacotes voltados à terceira idade com condições especiais.


FONTE: IG ECONOMIA
 

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Joesley Batista
Batista: apetite por novos negócios e a ajuda do BNDES para ser um concentrador de mercado


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FONTE: IG POLÍTICA

PROFISSÕES EM ALTA

Foto: Thinkstock

Conheça as profissões em alta no Brasil

Pesquisa aponta quais cargos tiveram maior demanda no 1º semestre deste ano Salários de até R$ 50 mil
 
 
FONTE: YAHOO 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

DOLAR & BOLSA DE VALORES


BC atua, mas dólar volta subir e fecha a R$ 2,41

    FONTE:  MSN

eSOCIAL DA RECEITA FEDERAL

Empresas têm menos de 6 meses para se adequar ao eSocial, da Receita Federal

Informações trabalhistas como folha de pagamento, Livro de Registro do Empregado e Caged passarão a ser transmitidas ao órgão por meio digital

Bárbara Ladeia - iG São Paulo | - Atualizada às
 
Getty Images
Todos os dados e prestação de contas passarão a constar de uma única plataforma digital
Depois da contabilidade e dos impostos, é a vez das informações trabalhistas. Dentro de pouco mais de cinco meses, empresas de todos os setores terão de se adaptar a uma nova forma de prestação das contas de seus funcionários. A partir de 2014, a Receita Federal receberá todos os dados relacionados aos empregados digitalmente – e praticamente em tempo real.
Trata-se da fase social da adequação das empresas ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Todos os dados passarão a constar de uma única plataforma digital: desde as folhas de pagamento até os prontuários de medicina laboral, passando pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre outros.
Com menos de seis meses pela frente, empresas enfrentam o desafio de recolher todas as informações necessárias para a adequação ao novo procedimento. “Na largada o processo é dolorido, mas o benefício é amplo”, afirma Victória Sanches, da Thomsom Reuters. A executiva faz parte do grupo de trabalho que, juntamente com a Receita, elaborou os layouts que deverão ser preenchidos pelas empresas.
Serão 44 eventos relativos a cada funcionário, que incluem registros de férias, folha de pagamento, pagamento de obrigações, entre outros. Enquanto o sistema não entra oficialmente no ar, será necessário recolher e reorganizar as informações de cada empregado. “É saneamento cadastral, armazenar as informações e capacitar os empregados”, diz.
É exatamente nesta fase que está a maior parte das empresas, segundo Marcelo Ferreira, supervisor de Suporte e Implantação da Easy-Way do Brasil. A maior parte das companhias já tinha seus próprios sistemas de gestão. Daqui para frente, a padronização passa a ser fundamental – e o formato da Receita tem sido escolhido. “Há empresas que estão alterando toda a estrutura da base de dados para se adequar aos leiautes da receita.”
Outra dificuldade é o prazo de envio. Todos os eventos deverão ser enviados à Receita no mesmo dia. “Os dados a serem enviados continuam sendo os mesmos, o que muda é o tempo e a forma como serão enviados”, destaca Ferreira.
 
 
 
O lado técnico dos Recursos Humanos
           
Além do aumento dos custos – as fornecedoras de software não divulgam a média de preço da contratação do aplicativo –, a contratação de mão de obra especializada pode ser mais um desafio a ser administrado.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antonio Carlos Ferreira, presidente da DBS Partners, empresa de outsourcing de Recursos Humanos, afirma que o sistema exigirá mais detalhamento técnico dos profissionais de RH. “Temos muita dificuldade em preencher posições mais técnicas”, diz. “É muito difícil encontrar quem fuja dessa área mais 'fashion' dos recursos humanos, de estratégia e gestão de pessoas. O grau de conhecimento técnico terá de ser bem maior.”
As empresas que terceirizam os serviços burocráticos, como livro de empregados e folha de pagamento, têm um motivo a menos para se preocupar. “Pode ser que a empresa precise fornecer mais informações para que os leiautes sejam preenchidos adequadamente, mas a formatação dos dados e a transmissão fica a cargo da terceirizada”, explica Ferreira. No entanto, quem responde pelo registro da empresa é ela mesma – no caso de algum equívoco e posterior fiscalização, o outsourcing não será responsabilizado.
 
 
 
Cruzamento de dados
           
Atualmente, a Receita Federal encontra uma diferença de R$ 4 bilhões entre as informações apuradas e declaradas no Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP) em 2012. Só isso já seria motivo suficiente para a Receita buscar novas formas de identificar erros e fraudes.
Para isso, as informações do eSocial deverão se juntar às já coletadas pela Receita Federal. Segundo o órgão, haverá sincronismo das informações, reduzindo fraudes, trabalho informal, sonegação tributária e previdenciária. “Para o Fisco e para o FGTS, haverá um espaço muito menor para a fraude e evasão fiscal, para o trabalhador será a garantia de que seus direitos não serão frustrados quando em decorrência da ausência ou precariedade da informação prestada pelo seu empregador”, informou a Receita Federal em nota oficial.
Para Leonardo de Albuquerque, gerente jurídico da ProPay, essa era uma mudança que “tinha de acontecer”. “Desde o começo da implantação do Sped, a evolução de arrecadação da Receita foi significativa”, afirma.
No entanto, a extensão do prazo para não é descartada pelo advogado. “Não me surpreenderei se houver prorrogação da data da entrega. Em mudanças drásticas, como no caso do ponto eletrônico, o aumento do prazo acaba se fazendo necessário.”
As informações estarão disponíveis para os trabalhadores que poderão acompanhar de perto o status de suas contribuições – bem como dos depósitos feitos pela empresa. Para o empregador, segundo informa a Receita, servirá como um grande backup dos registros que as empresas precisam manter, eliminando toda a necessidade de se manter arquivos em papel por 30 anos.


FONTE: IG ECONOMIA

OS MAIS PODEROSOS DO BRASIL

Jereissati e seu império de shoppings

Os 60 mais poderosos

Jereissati e seu império de shoppings



Carlos Jereissati
Um dos mais influentes empresários do país, dono de um império de shoppings


Carlos Jereissati
45

Carlos Jereissati

Influência

  • Política
  • Econômica
  • Social
  • Midiática

 

Carlos Jereissati

45
Forçado a assumir as empresas da família aos 17 anos, mostrou talento para os negócios e hoje tem participação importante no setor de telefonia e comanda a rede Iguatemi de shoppings
Durante o governo tucano, ele consumou sua entrada no setor de telecomunicações como um dos cabeças do consórcio que gerou a Oi. Anos depois, no governo petista, ajudou a montar a fusão com a Brasil Telecom que conduziu à então batizada "supertele nacional".

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Carlos Jereissati ostenta em sua biografia o papel de protagonista em duas das mais importantes operações empresariais das últimas duas décadas no Brasil – e, o que ainda mais notável, em diferentes ambientes políticos e econômicos. Diferentemente de seu irmão, o ex-governador do Ceará, ex-senador e também empresário Tasso Jereissati (PSDB-CE), Carlos Jereissati jamais enveredou pela política. Os fatos dão a medida do prestígio e da capacidade de articulação de um dos mais influentes empresários do país. Jereissati já nasceu bem sucedido. Forçado a quebrar a casca do ovo prematuramente por conta da morte do pai, o mais velho de seis irmãos assumiu, com apenas 17 anos, um conglomerado de empresas que, naquele momento, reunia uma pedreira, um moinho de trigo e uma das maiores fabricantes de fechaduras do país, a La Fonte.

Já o poder – segundo o filósofo romano Epícteto, um bem perigoso demais para um debutante – não lhe veio por testamento. Foi uma conquista gradativa, para muitos argila que só se fez vaso, de forma definitiva, no leilão do Sistema Telebrás. A película de discrição que revestiu a biografia empresarial de Carlos Jereissati por quase 35 anos rompeu-se naquele julho de 1998. O consórcio encabeçado por Jereissati, Andrade Gutierrez e Inepar, entre outros investidores, deixou o mercado de telefonia mudo, absolutamente perplexo, ao arrematar a concessão da Tele Norte Leste. Não havia no pool uma só empresa de telecomunicações ou sequer um participante razoavelmente familiarizado com o setor. Todos se perguntavam como um grupo de “forasteiros” havia chegado ao controle de uma operadora telefônica com quase 11 milhões de clientes.

Jereissati – o empresário que, até aquele momento, conduzira seus negócios de forma relativamente reservada – estava sob os holofotes. E a carga de luz sobre seus olhos aumentaria consideravelmente nos meses seguintes ao leilão. O escândalo dos grampos do BNDES, que eclodiu quatro meses após a privatização do Sistema Telebrás, descortinou uma suposta manobra para que o banqueiro Daniel Dantas arrematasse a licença da Tele Norte Leste. Pouco tempo depois, Jereissati chegaria a dizer que este foi o momento mais complexo de sua vida empresarial e que pensou em deixar a operadora no auge do episódio dos grampos.

"Pela primeira vez, pensei em ser derrotado", teria dito num rompante de modéstia, ainda que pela metade. Mas, se efetivamente, um dia cogitou sair do baile, voltou atrás. "Seria um grande erro de minha parte", declararia anos depois à imprensa.

Até se notabilizar como um dos principais enxadristas no tabuleiro da telefonia, teve de conviver com a pecha de que estava no jogo apenas de passagem. As cassandras se enganaram. As peças se moveram, na coreografia das mais diversas reestruturações societárias, e Jereissati não arredou o pé. Pelo contrário. Mexeu torres, bispos e rainhas com maestria e avançou, tanto na vertical quanto na diagonal.

Em 2008, uma década após a privatização, Carlos Jereissati consolidou sua posição e seu prestígio no setor ao participar feericamente da delicada cirurgia societária e política que resultou na criação da superoperadora de controle nacional, a partir da associação entre a Oi e a Brasil Telecom.

Atualmente, está sentado sobre uma jazida da telefonia, que se espalha por todo o país, com mais de 74 milhões de clientes e faturamento na casa dos R$ 30 bilhões. Hoje, ninguém mais teria a coragem de considerá-lo um aventureiro.

Um império de shoppings 

Aventura mesmo tiveram os Jereissati quando o jovem emancipado a fórceps no mundo dos negócios tomou as rédeas das empresas da família. O Grande Moinho Cearense está nas mãos do grupo até hoje. A fabricante de fechaduras La Fonte foi vendida na década de 90. A pedreira Itatinga, em São Paulo, também não está mais entre os Jereissati. Nem entre eles, nem entre ninguém. Acabou desapropriada no governo de Luiza Erundina.

No entanto, fora a investida no setor de telefonia, nada se compara ao império que Carlos Jereissati ergueu no mercado de shopping centers. Tudo começou em 1966, com uma participação de apenas 2% no Iguatemi, fundado pelo construtor Alfredo Mathias e considerado por muitos o primeiro shopping center do país.

Durante mais de uma década, Carlos Jereissati permaneceu restrito a esse cantinho societário. Em 1979, com o auxílio de um empréstimo da Caixa Econômica Federal, comprou, em um só pacote, não apenas o Iguatemi, mas 12 prédios da família Mathias no Portal do Morumbi. A dúzia de arranha-céus foi logo para o balcão. Reza a história que Jereissati vendeu todos os imóveis em apenas 12 horas. Talvez fosse o caso de alguém avisar ao Guiness Book. O empresário ficou apenas com o centro comercial encravado em um antigo terreno dos Matarazzo na Faria Lima. Nascia, assim, a administradora de shopping centers Iguatemi, com a qual Jereissati daria o grande salto que o levaria bem além de pedreiras, fechaduras e moendas de trigo.

Hoje, a Iguatemi detém participação em 13 shoppings, que, no ano passado, faturaram mais de R$ 8,2 bilhões. Nos últimos anos, Carlos Jereissati tem se afastado da linha de frente de boa parte dos negócios da família, a começar pelo principal deles. Desde 2005, o comando da Iguatemi Shopping Centers está nas mãos de seu rebento, Carlos Jereissati Filho. Jereissati, o pai, vem se dedicado cada vez mais a sua porção telefônica.

E hoje, com Sergio Andrade, forma a grande dupla articuladora do setor pelo lado do empresariado nacional. Com a marca habitual que lhes trouxe tantos dividendos: fazer política sem partido em prol das áreas em que trafegam, dos negócios que comandam e dos empregos que ajudam a manter.



FONTE: IG POLÍTICA

domingo, 18 de agosto de 2013

sábado, 17 de agosto de 2013

ACÁCIO QUEIROZ

Carreiras
 
 
 

O carregador de malas que virou CEO

À frente da Chubb, o percursor dos seguros populares no Brasil acredita que há espaço para ampliar o mercado e diz que liderança é mais servir do que ser servido

Taís Laporta - iG São Paulo |
 
Para ganhar uns trocados, ele carregava malas em uma rodoviária de Curitiba aos 11 anos. Hoje presidente e CEO da seguradora Chubb do Brasil, Acácio Queiroz assegura que subiu um degrau de cada vez até chegar ao topo. Vendia passagens de ônibus aos 13 anos, tornou-se gerente aos 16, e aos 24 já era diretor de uma empresa no Paraná. Entrou literalmente por acidente no mercado de seguros. Em uma manhã de domingo no início da década de 1970, um motorista alcoolizado bateu em seu Volkswagen Sedan estacionado perto de uma quadra onde jogava futebol, com sua mulher grávida no carro. O veículo ficou destruído, mas ela saiu ilesa.


Divulgação
Acacio Queiroz
Um colega do futebol, gerente regional da The Home Insurance Company, deu-lhe carona neste dia e perguntou se Queiroz gostaria de trabalhar como seu subgerente. Ele pouco conhecia o mercado de seguros no Brasil, que ainda engatinhava, e decidiu largar o emprego em uma madeireira para mergulhar no ramo. Daí, progrediu até ser promovido presidente da multinacional em Porto Rico. Na volta ao Brasil, no fim da década de 1990, enfrentou o desafio de montar a seguradora Ace no País.
Foi quando introduziu o conceito dos seguros massificados, ainda inexistente no mercado brasileiro. Vender seguros populares a preços muito baixos para as classes menos abastadas foi um trabalho de formiguinha, conta Queiroz. Em poucos anos, o modelo amadureceu e foi incorporado por outras seguradoras, alcançando hoje um mercado de 30 milhões de pessoas. Na Chubb desde 2005, o executivo viu a empresa aumentar cinco vezes de tamanho, figurando entre as 20 maiores no Brasil.
Aos 64 anos, ele acorda todos os dias às 4h30 para ler o noticiário matinal. Autor da autobiografia “Minhas Bagagens”, lançada no mês passado, Queiroz fala sobre a consolidação dos seguros populares no Brasil e ensina o que aprendeu sobre liderança. Diz que falta disciplina e atenção entre os profissionais da geração “y”, e acredita que não se vai muito longe na carreira sem humildade. “Um líder deve servir antes de ser servido”.
 
 
iG – Como surgiu a ideia de introduzir os seguros massificados no Brasil?
Queiroz – Quando montei a Ace no País, recebi a missão de fazer a empresa crescer a partir de um patrimônio líquido de US$ 20 milhões. Era um valor muito baixo no mercado de monopólio da época. Então aceitei o desafio de desenvolver o conceito dos seguros de massa, ainda inexistente por aqui. Chegamos até as classes C, D e E para oferecer o produto a preços muito baixos através de distribuidoras de energia elétrica, telefonia, águia e TV a cabo. Na primeira fase, vendemos seguros de vida, desemprego e acidentes pessoais. Depois, entramos no varejo e, na terceira etapa, a gama de produtos aumentou. A Ace foi líder neste mercado. Depois, todas as outras seguradoras que achavam que o segmento era perda de tempo passaram a vender os seguros de massa.


Você teve dificuldade em implantar essa modalidade?
Sim. Tudo o que é novo tem um preço. Um dos nosso erros foi vender o seguro residencial que custava em média R$ 8 por mês, com cobertura para incêndio e explosão. Esquecemos de especificar a queda de raios no local segurado. Então muitos clientes passaram a alegar que o relâmpago havia passado perto de casa e afetado sua rede elétrica. Depois ficou determinado que a companhia elétrica é a responsável por este tipo de dano. Não podíamos mudar os contratos já celebrados, mas aperfeiçoamos os novos especificando a queda de raios na moradia. Houve outros casos parecidos.
 
 
O mercado de seguros populares já está consolidado no Brasil?
Totalmente. Está cada vez mais regulado no sentido de estender mais benefícios aos consumidores. Hoje, esses produtos já alcançam 30 milhões de segurados no país.
 
 
Você acredita que o recente aumento da renda da população pode ampliar ainda mais este mercado?
Há muito espaço para isso, porque o consumo de seguros no País ainda é ínfimo. Hoje ele representa 5,6% do PIB (Produto Interno Bruto), incluindo previdência, planos de saúde e capitalização. Se restringirmos para a área dos seguros elementares, eles não ultrapassam 3,5% do PIB. Países desenvolvidos representam entre 8% e 10%. Na Grã-Bretanha, que possui a melhor relação, chega a quase 11%. O brasileiro ainda prioriza o seguro de carro e de saúde em detrimento dos outros. O residencial não atinge 15% das moradias no País. O seguro de vida e o de responsabilidade civil, que cobre danos a terceiros, também podem ser mais difundidos.
Divulgação/Rafael Potenza
Acacio Queiroz
A preferência do brasileiro pelo seguro de carros e saúde é mais cultural ou uma questão de renda?
São vários fatores, mas o primeiro é cultural. O brasileiro está mais preocupado em proteger seu carro do que fazer um seguro de vida. Ele não pensa em assegurar o futuro da família. Ele faz um seguro de carro porque sabe que roubam muito e que pode bater. Já o plano de saúde é por necessidade e falta de opção, não por consciência. O seguro residencial é muito mais barato que o de automóveis, mas não há essa preocupação, assim como o educacional, que cobre os estudos do filho se acontecer alguma coisa, e o de acidentes pessoais.
 
 
Quais as qualidades essenciais de um líder?
Acima de tudo, ele precisa ter vontade de fazer os outros crescerem. Se ele não quer que os outros cresçam, é uma liderança questionável. Tive a oportunidade de treinar e preparar nove presidentes de empresas, mais de 15 vice-presidentes e 50 diretores. O líder deve gostar de pessoas e de se relacionar com elas. Deve investir nelas. E ser extremamente objetivo, transparente e honesto. Normalmente, ele fala aos liderados o que ele não gosta de escutar. É esta pessoa que quer que você cresça. Se ele só agrada, não serve para nada. Será um puxa saco. Antigamente, era mais fácil liderar, porque minha geração era super obediente. Nós vestíamos a melhor roupa quando o presidente visitava a empresa.


O líder nasce com essa capacidade ou ele pode adquirí-la?
Um líder nato não existe, ele é formado com o tempo. Mas é importante que goste de se relacionar. Tem gente que não gosta e eu respeito. É possível formar um líder, mas há coisas da liderança que nascem com você. O líder moderno está mais para servir do que pra ser servido. A coisa mudou. Há dois tipos de líderes: os diminuidores e os multiplicadores. Os primeiros tomam os méritos da equipe para si. Os segundos multiplicam a capacidade das pessoas.


Que conselho você dá para a geração que ingressa no mercado de trabalho e quer chegar ao topo?
Sempre digo que nunca atingi o sucesso. Tive êxitos, mas o sucesso ainda está por vir. Essa nova geração tem ambições, mas falta disciplina. O jovem quer ter êxito profissional, mas sem disciplina não irá a lugar algum. Ter talento é entregar mais do que se espera, o resto é conversa. A geração “y”, multifuncional, está um pouco limitada. Ela faz o necessário e só. Temos um trabalho muito grande para eles ficarem mais concentrados. Eles são muito distraídos, não entregam o que se espera e precisam dividir melhor seu tempo. Tem jovem que é um grande orador, mas não tem atitude. Eles também precisam ouvir, ler e estudar mais, ou ficarão para trás.


FONTE: IG ECONOMIA
 
 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

GASTAR OU INVESTIR ?

Você gasta ou investe? Veja 8 dicas

Do carro às roupas

Você gasta ou investe? Veja 8 dicas



Você gasta ou investe? Confira 8 dicas

Saiba diferenciar quando um bem ou serviço que você adquiriu foi apenas uma despesa do cotidiano ou um investimento que pode gerar retorno ao seu patrimônio

Taís Laporta - iG São Paulo |
 

Thinkstock/Getty Images
Considerado um bom investimento, imóvel pode ser mau negócio em certos casos
Ao pagar por um bem ou serviço, você gastou ou investiu? Muita gente confunde essas duas formas de lidar com o dinheiro, mas como diferenciá-las? Despesa é o dinheiro que você tira do bolso e não obtém retorno algum. Já o investimento é como plantar e colher: ele proporciona um resultado concreto. Pode ser palpável, como aumentar sua riqueza, ou subjetivo, como trazer crescimento profissional.
Um imóvel, um carro ou uma viagem podem ser uma mera despesa ou transformar-se em um investimento valioso. Vai depender do uso que se faz deles e do momento do mercado, que é extremamente volátil, explica a consultora de finanças pessoais Suyen Miranda. “Não adianta comprar dez sacos de alface por R$ 0,10 se você não puder consumir todos. Mas se você doá-los para uma creche, onde a demanda é grande, certamente terá feito bom uso de sua compra”, exemplifica.
Para os itens de consumo preferidos do brasileiro, a lógica é a mesma. Confira oito produtos ou serviços que costumamos adquirir e saiba em que casos eles podem dar retorno ou ser lembrados apenas como mais uma dívida a pagar:



>> CARRO
           
Gasto – Considerado um bom investimento no passado, hoje o automóvel popular perde 10% de seu valor por ano. “É um bem de consumo que agrega qualidade de vida, mas não é para ganhar dinheiro”, acredita o educador financeiro e presidente da consultoria DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos. Se for somente para satisfação pessoal e não gerar rendimento, afirma a consultora Suyen, o carro tem mais perfil de despesa, ao requerer recursos financeiros para manutenção e outros gastos.
Investimento – “Ele pode ser considerado um investimento se for ferramenta de trabalho, algo que viabilize visitar clientes, e parte fundamental para viabilizar um negócio próprio”, observa a especialista. Ganhar dinheiro com a venda de carros é somente para especialistas ou vendedores com experiência neste mercado.
 

 
>> JOIAS (OURO E PEDRAS)
           
Gasto – Joias de valor fascinam, mas sua revenda dificilmente é bom negócio. Quando avaliadas para o leilão de penhores da Caixa Econômica, seu valor é calculado pelo peso do objeto, e não pelo trabalho artístico ou pelas pedras incrustadas. E assim como outros bens, a joia ou pedra preciosa passa a valer menos no momento em que é comprada. Diamantes podem perder 50% do valor ao sair da loja.
Investimento – Investir em joias só é vantajoso se a peça tiver um forte valor agregado. Se for antiga ou tiver um cunho histórico, pode ser valiosa dentro de um mercado muito segmentado, explica Suyen. “Mas é preciso encontrar um bom comprador para a peça e que esteja disposto a pagar por ela”. Diferente das joias, os títulos de mercado lastreados em ouro são considerados um investimento, já que ganham ou perdem valor em pouco tempo. Neste caso, você nem vê a cor do ouro. Apenas detém um papel atrelado à valorização do metal.
 
 
 
>> OBRA DE ARTE
           
Gasto – Assim como as joias, ao comprar o trabalho de um artista, não se deve pensar em gerar aumento de capital. A menos que você seja um especialista, a compra deve ser feita apenas pelo interesse em adquirir a obra. “Se você não entende nada de arte, caia fora”, recomenda Domingos.
Investimento – Há profissionais que enriqueceram vendendo obras de arte, mas eles são a absoluta minoria e, geralmente, profundos conhecedores de seu trabalho. Eles costumam atuar em mercados específicos, como antiguidades, e atuam em círculos fechados de compradores, além de conseguir estimar o valor de uma peça e sua liquidez (facilidade em vendê-la). Fora estes casos, é um mau negócio.
 
 
 
>> ROUPAS E ACESSÓRIOS
Thinkstock/Getty Images
Vestuário como ferramenta de marketing pessoal é investimento
Gasto – Lotou o guarda-roupa com dezenas de peças que você nem usou? Tem tantos pares de sapatos que você nem se lembra em usar metade deles? Ou para cada festa de casamento que você vai, compra um vestido novo e o descarta? Nenhum desses foi um bom investimento. “Em caso de festas, é sempre melhor alugar”, recomenda o consultor do Dsop.
Investimento – Comprar um belo terno para trabalhar ou para uma entrevista de emprego é, certamente, uma boa aposta financeira, segundo Domingos. Roupa e acessórios só são investimentos se agregarem valor a sua imagem. Do contrário, são itens de consumo base do cotidiano. “Só é investimento se a peça adquirida servir como um marketing pessoal”, acredita a consultora Suyen.
 
 
 
>> VIAGEM
           
Gasto – Difícil definir os gastos com viagem como um dinheiro mal gasto, a menos que o passeio seja forçado ou por alguma obrigação. É daqueles itens que quase sempre geram satisfação, mais associada a experiências do que a bens materiais. “Viagens aumentam a cultura e a bagagem pessoal, mas não o patrimônio material”, explica Suyen.
Investimento – Se for uma viagem de negócios, aí sim ela contribui para o enriquecimento material, aponta Domingos. Viajar para fazer um curso também pode gerar bons frutos. Mas o maior benefício é a realização pessoal e o acesso a cultura e conhecimento.
 
 
 
>> CURSOS
           
Gasto – De MBAs a workshops, os cursos oferecidos no mercado podem tanto atender a uma necessidade de atualização profissional quanto ao ímpeto de ocupar-se com algo prazeroso. “É apenas um gasto aquele curso de artesanato em que você se distrai, mas fora dali nunca pintou um pano de prato”, exemplifica a consultora Suyen. Adquirir conhecimento para não aplicá-lo é uma despesa sem retorno.
Investimento – Cursar uma especialização ou mesmo um intensivo de férias que sirva como complemento para sua profissão é um ótimo investimento, explica o presidente do Dsop. “Se é para alavancar um negócio ou melhorar seu cargo na empresa, é um dinheiro muito bem aplicado”. Nem sempre um curso que agrega conhecimento, no entanto, trará um benefício direto na carreira. “Cultura bem usada nunca é despesa”, acredita Suyen.
 
 
 
>> LAZER
           
Gasto – Atividades associadas ao tempo livre, geralmente, se enquadram nas despesas comuns do cotidiano. Mas para que seja um dinheiro bem gasto, é essencial fazer disso um prazer. “Jantar fora todos os dias torna-se um hábito, mas se for uma vez por semana, é laser”, diz Domingos.
Investimento – Se você é um crítico gastronômico, comer em restaurantes será mais que um momento de prazer, mas uma ferramenta de trabalho. O mesmo pode ocorrer para quem trabalha com música e vai ao show de um ídolo. Visitas a parques, museus ou ir ao cinema podem ser investimentos, desde que agreguem algum valor, mesmo de forma indireta.
 
 
 
>> IMÓVEIS
           
Gasto – Em muitos casos, um imóvel gera mais despesa do que rendimentos. Suyen cita uma casa de praia que fora de temporada nem sempre é fácil de alugar. “Ele precisa de limpeza, manutenção e recolhimento de impostos sem gerar necessariamente lucro”, diz. Sem contar a necessidade de reforma. Se comprar um imóvel para alugar, deve-se avaliar antes a procura e demanda na região. Mas se a casa é aproveitada pelos proprietários com frequência, gera menos despesa.
Investimento – Para fazer a compra de um imóvel uma oportunidade, é preciso ter conhecimento deste mercado. Para Domingos, já passou a fase de supervalorização dos preços vista nos últimos quatro anos e as chances de lucrar caíram. “Ganhar dinheiro com isso também requer especialidade”, avalia. É mais um negócio para profissionais do ramo imobiliário, que conhecem a demanda de determinadas regiões e a liquidez do ativo. Para Suyen, na maioria dos casos o imóvel é considerado um investimento.


fonte: IG ECONOMIA

46o. MAIS PODEROSOS DO BRASIL

                     

Os 60 mais poderosos

José Dirceu: poder e controvérsias

José Dirceu
De líder estudantil a réu condenado do mensalão: história de José Dirceu sempre foi construída por embates

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  • Social
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Biografia de um dos homens mais poderosos e controversos da República é repleta de sinuosas curvas e surpreendentes retornos
Seu primeiro esboço, elaborado pelo jurista alemão Hans Welzel para o julgamento dos crimes do Partido Nazista, acabaria rejeitado pelos tribunais alemães. Mais tarde, já sistematizada pelo também germânico Claus Roxin, adquiriu projeção internacional, sendo usada na condenação da Junta Militar da Argentina e do ex-presidente peruano Alberto Fujimori por sequestros e assassinatos cometidos durante seu governo. Agora, há quem acredite que a teoria do domínio do fato – que recentemente saltou dos alfarrábios da literatura jurídica para se tornar expressão do cotidiano nacional – tenha selado o destino de José Dirceu, arremessando-o neste satânico escaninho de associações históricas.

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Os mais prudentes, no entanto, escutam o som dos dados que ainda rolam sobre a mesa. Sábia cautela. A biografia de um dos homens mais poderosos e controversos da República é repleta de sinuosas curvas e surpreendentes retornos. 

Para alguns, José Dirceu virou a personificação do mal na política brasileira – algo não tão distante da opinião compartilhada por quem ousou enfrentá-lo, notadamente dentro do próprio PT. Seria o mentor do mensalão, o chefe de um dos maiores esquemas de corrupção já montados no País, com o objetivo de desviar recursos públicos para o pagamento de partidos da base aliada.

Mas terá o Supremo induzido o juízo comum ou terá o veredito popular induzido o Supremo? Nestas horas, há quem prefira evocar Churchill, para quem não havia opinião pública, e sim a opinião publicada. De qualquer forma, a ordem dos fatores não altera a sentença: 10 anos e 10 meses por formação de quadrilha e corrupção ativa.

Na cova dos leões 

José Dirceu nunca foi preso; mas Daniel, sim. O jovem líder estudantil fez jus ao nome e foi jogado na cova dos leões. "Caiu" em outubro de 1968, preso durante o histórico congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna (SP). A esta altura, já levava sobre as costas mais de três anos de movimento estudantil. Ainda no ensino secundário, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Migrou para a facção mais radical do PCB, atraído pelo ideário de Carlos Marighella. Rompeu com o partido e colaborou na formação das chamadas "Dissidências", ovo do qual eclodiria a Ação Libertadora Nacional (ALN), da qual não chegaria a fazer parte.

Em outubro de 1968, o então presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE) capitaneou o conflito entre aproximadamente mil alunos da Faculdade de Filosofia da USP e do Colégio Mackenzie com a polícia no centro de São Paulo. Um estudante morreu, dez ficaram feridos e a cama ficou armada para o que se veria dias depois em Ibiúna. 

A aura de mito entre seus pares do movimento estudantil ficou mais espessa. Depois de quase um ano na prisão, José Dirceu fez parte do grupo de 15 presos políticos deportados do País em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Elbrick. A partir daí, Dirceu caiu no mundo, numa trajetória que, de uma forma ou de outra, já foi exaustivamente dissecada e compõe, em grande parte, o personagem sob domínio público. Viajou para o México, exilou-se em Cuba, estudou, recebeu treinamento militar, retornou ao Brasil, viveu clandestinamente em São Paulo, volveu à ilha, fez cirurgias plásticas e regressou de vez em 1975 para se fixar em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, onde casou, teve filho e atendeu pelo nome Carlos Henrique Gouveia de Mello. Não está de todo errado quem se pergunta: afinal, quem é realmente José Dirceu?  

Da guerrilha para a política partidária

Carlos Henrique se foi e José Dirceu reemergiu com a anistia, não sem antes passar por Cuba onde rebobinou a fita e reverteu sua cirurgia plástica. Seguiu fazendo o que sempre fez, política, novamente sob uma sigla. Foi um dos "founding fathers" do PT. Mais do que isso: é o líder de um partido próprio, de um dos vários PTs que coabitam o PT. Dirceu, como se sabe, sempre foi dado a dissidências.

Após vários mandatos como deputado federal, e uma candidatura derrotada ao governo de São Paulo, sua trajetória política chegou ao cume em 2003, com a nomeação para a Casa Civil. Dirceu, de fato, chegava ao poder, ao lado de Lula, com quem sempre manteve uma relação de respeito mútuo, mas extremamente tensa e marcada por notórias divergências. 

Não faltou quem insinuasse que Dirceu era o "verdadeiro presidente da República" e conduzia os passos de Lula. Coisa de quem não conhece Dirceu. Coisa, sobretudo, de quem não conhece Lula. Dirceu sabia que aquela não era a sua hora. Mas estava convicto de que ela viria em 2010. Em 1º de janeiro de 2003, ele era candidato natural e quase obrigatório à sucessão de Lula. 

Dirceu já foi apontado como "verdadeiro presidente". Coisa de quem não conhece Dirceu. E, sobretudo, de quem não conhece Lula


Essa estrada começou a ruir em 2005, com o escândalo dos Correios, as denúncias de Roberto Jefferson e materialização do episódio do mensalão. Na primeira estação em que o trem parou, Lula afastou-o da Casa Civil. Meses depois, mais um revés. Já passava da meia-noite de 1º de dezembro de 2005 quando José Dirceu teve seu mandato de deputado federal cassado por quebra de decoro parlamentar. 

Podia ter renunciado, preservado seus direitos políticos e, possivelmente, aplacado a ira popular pelo tempo de exposição negativa. Convicto de sua inocência ou movido pela certeza de que estava diante da ira de adversários que precisava enfrentar, resolveu encarar o processo até o fim. Foi cassado. Dirceu, e não Daniel, estava na cova dos leões.

Na defesa e no ataque

Nos últimos anos, Dirceu tem jogado na defesa, sem deixar de encarar os felinos. Aguarda o julgamento pelo STF dos embargos declaratórios e infringentes. Garante que, se o Supremo mantiver sua condenação, recorrerá à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e ao Tribunal Internacional Penal, em San José, na Costa Rica. 

Nos últimos anos, Dirceu tem jogado no ataque. Poder não é categoria precificada em contratos futuros. Só tem valor se usado a presente. E Dirceu sabe como poucos usar seu maior ativo. Mesmo expulso e sem direito a assinar a súmula do jogo, segue em campo, fazendo o que sempre fez, em sentido cada vez mais amplo. 

No PT, permanece movimentando peças no tabuleiro. Tampouco teve completamente amputados seus tentáculos no governo – ainda que muitos digam que Dilma se sentiria ainda mais confortável em seus tailleurs se o STF corroborar sua decisão. As denúncias sobre tráfico de influência sequer provocam mossas em sua couraça de rinoceronte. É possível dizer, de forma genérica ou não, que José Dirceu é capaz de nivelar e encurtar os caminhos mais íngremes e oblíquos. Dirceu nunca precisou da luz do sol para ser Dirceu, ou Daniel, ou Carlos Henrique.  

A condenação não transformou Dirceu em uma figura hanseniana. É bem verdade que muitos de seus interlocutores e clientes desertaram, mas sua agenda segue repleta de encontros com alguns dos mais renomados dirigentes empresariais do País.
 
 
FONTE: IG POLITICA