quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

COMO NASCEM AS FRANQUIAS

Boas ideias rendem franquias, mesmo quando negócio não foi ainda testado

Aumenta número de empreendedores que recorrem ao franchising para tirar do papel planos de negócios

Brasil Econômico- Regiane de Oliveira |
 

Brasil Econômico



“Casais inteligentes enriquecem juntos.” “Dinheiro, os segredos de quem tem.” “Como organizar sua vida financeira.” Quem nunca pensou em ler um dos best sellers de autoajuda do autor Gustavo Cerbasi e tentar acertar de vez sua situação financeira? É claro que, sozinho, o livro não é garantia e milagre. É preciso criar um plano estratégico em cima das experiências passadas pelo autor. E o mais difícil, colocá-lo em prática.

Foi pensando em todos os sonhadores que morrem na praia antes mesmo de ler o livro, que o empreendedor João Henrique Cristofolini, de 22 anos, criou a Mais Educa, primeira franquia de educação financeira do país.

O plano do jovem empreendedor é simples: transformar o conteúdo de best sellers de autoajuda financeira em cursos de finanças pessoais — nas modalidades presencial, tele-presencial, conferência e online.

Em julho de 2011, Cristofolini, juntamente ao sócio Alessandro Griep, conseguiu “30 segundos” para apresentar o plano a Gustavo Cerbasi, durante uma palestra do autor em Florianópolis. Foi o suficiente para que eles convencessem Cerbasi da potencialidade do negócio, onde o autor receberia royalties sobre os cursos feitos sobre seus livros.

O modelo do negócio foi desenhado no período de um ano e em julho de 2012 foram lançadas as primeiras microfranquias, mesmo antes de a ideia ser testada, o que não é muito comum no setor.

“Sabemos que é um conceito contraditório, há muita gente que ainda acredita que para lançar uma franquia você tem de testar o produto por cinco anos. Mas sabemos que essa estratégia já é muito utilizada para garantir o crescimento rápido e barato de novos negócios”, diz Cristofolini.

Após seis meses de treinamento, neste mês, entraram em operação 30 microfranquias da Mais Educa. Isso significa que 30 empreendedores apostaram no negócio, mesmo sem ter a garantia de que vai dar certo.

Pode parecer estranho, mas este formato de negócio está se tornando cada vez mais comum. De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), dos 1,1 mil associados cerca de 11% são de franquias, cujos proprietários (franqueadores), não têm negócios próprios.

São diversas as razões que levam um empresário a optar por franquear seu negócio sem se manter como um operador, desde empresas que, mesmo tendo começado da forma tradicional, cresceram tanto que não justifica mais ao dono manter uma unidade própria, como no caso da gigante de ensino de inglês, Wizard.

Em outros casos, temos empresas de prestação de serviços, onde os franqueados funcionam como representantes do negócio, um exemplo é a Bagnews. E até mesmo indústrias interessadas em crescer no mercado de franquias, como a Hope, mas sem experiência no varejo.

“Em teoria, por princípio, não sou a favor desse novo modelo de franquia, porque ele rompe com os princípios básicos do franchising: a transferência de know how e o direito de uso de uma marca forte”, afirma Angelina Stockler, sócia diretora da consultoria Ba Stockler. “Mas admito que já vi dar certo e mais de uma vez”, diz.

A Ba Stockler formatou o modelo de franquia da Hope, por exemplo. Onde a indústria já tinha um produto consolidado no mercado, mas não queria entrar como sócia com lojas próprias. “O sucesso neste caso é fruto de uma parceria baseada em muita transparência. Os franqueados e a empresa sabiam que iriam passar pela curva de aprendizado juntos”, afirma.

Angelina lembra também o caso da franquia de calçados Tennis Express, cujo modelo não foi testado pelos donos, a Authentic Fit. Trata-se de uma franquia de loja de rua, como foco em clientes da classe D/C. “Neste caso, porém, os franqueadores já têm experiência no setor calçadista e de franquia. Mas mesmo assim, terão de escolher bem os parceiros.”

Segundo Salvatore Privitera,franqueador da Bagnews, que trabalha com a divulgação publicitária regional em embalagens, não faz sentido manter uma unidade própria. “O franqueado atua como um representante de vendas. Ele define o preço e as condições e nós fazemos a arte final, editoração da peça publicitária e encaminhamos à gráfica”, explica.

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FONTE: IG ECONOMIA

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