sábado, 2 de março de 2013

ÁREAS DE CONVIVÊNCIA DOS HOTEIS

Hotéis passam a cobrar por reuniões em áreas de convivência

Espaço virou fonte de receita adicional e de novos clientes que moram e trabalham por perto

The New York Times |


Viajantes corporativos experientes estão acostumados a reservar um local para dormir. Mas um sofá no lobby?
De certa forma, em hotéis, os lobbies, centros corporativos e espaços abertos ao redor das áreas de convivência sempre funcionaram como lugares para se encontrar, fazer contatos e trabalhar –embora a crescente capacidade de o trabalhador estar conectado sem ficar preso a uma mesa tenha acelerado a tendência.
Agora, alguns hotéis estão começando a administrar o antigo uso de cadeiras, mesas e cantinhos dos visitantes –e, em alguns casos, cobrando por isso. Para os hotéis, o espaço se tornou uma fonte intocada de receita adicional e de novos clientes que moram e trabalham por perto.
Sonja Fisher, engenheira de vendas na empresa de software ParAccel, está entre eles. "Já trabalhei em Starbucks, salas de reuniões de prédios, restaurantes, bibliotecas", afirmou ela. "Os lobbies de hotéis se tornaram muito convenientes."
Segundo Fisher, pagar para garantir o uso de um espaço de trabalho adequado seria uma troca útil. "Eu posso me ver usando esse espaço ou até mesmo minha empresa aproveitando-o. Somos uma empresa pequena e temos um espaço limitado para reuniões", continuou ela. "Posso ver como eles aceitariam essa despesa extra."
Julie Germany, vice-presidente de estratégia digital do DCI Group, empresa de consultoria em relações públicas, disse preferir lobbies e outros espaços públicos de hotéis para fazer networking e colaborações. "É um ambiente mais casual", explicou. "E uma atmosfera muito mais tranquila. As pessoas ficam mais abertas a conversar."
Porém, essa informalidade pode ser uma faca de dois gumes. O viajante não tem como saber de antemão se um sofá, mesa ou canto estará disponível e a quantidade de tráfego passante –especialmente se o bar do hotel ficar por perto– pode dificultar conversas sérias ou confidenciais.
The New York Times
Reunião de negócios no Redmo­nd Marri­ott Town Cente­r, em Redmo­nd, Washington
A palestrante Nancy Butler usa hotéis para encontrar clientes após abrir mão de seu escritório físico, disse ela, mas a privacidade é sempre uma preocupação. "Precisamos poder conversar sem que todos à nossa volta possam nos ouvir", afirmou Butler. Quando escolhe um local para o encontro, "ele precisa oferecer confidencialidade. Assim, não vou escolher um lugar que não sei exatamente como é".
O segundo elemento da lista de desejos de Butler, depois da privacidade, é uma mesa para colocar documentos e tomar notas. "É muito difícil fazer isso no colo", argumentou ela.
Mark Gilbreath, presidente do LiquidSpace, site de reservas que oferece espaços de trabalho em curto prazo usando um modelo de negócio similar ao das empresas de compartilhamento de carros, disse ter descoberto que "as pessoas estão cada vez mais saindo do escritório para conseguir trabalhar".
Espaços em hotéis formam cerca de 10% de seu estoque, afirmou Gilbreath, e essa é a categoria de maior crescimento nas 250 cidades dos EUA servidas pelo site.
A rede Marriott oferece o que chama de "Workspace on Demand" (espaço de trabalho sob demanda) em mais de trinta hotéis da Marriott Hotels & Resorts, Renaissance Hotels e Courtyard by Marriott, principalmente nas regiões de São Francisco e Washington. Os espaços incluem mesas de tampo alto, recuos no lobby e pequenos espaços para reuniões, voltados a encontros de até 10 pessoas.
"A forma como as pessoas trabalham está mudando", apostou Peggy Roe, vice-presidente de operações globais da Marriott International. "O trabalho está mais social e móvel."
Westin, da Starwood Hotels & Resorts, introduziu um conceito similar de espaços de trabalho não tradicionais e de pequena escala em dois hotéis americanos, em Boston e Arlington, e num hotel na Alemanha, em Munique. Em Arlington, a empresa pegou o centro de negócios do hotel e transformou-o numa área corporativa mais moderna, com internet sem fio, sofás e um console de videogame Xbox – além de acessórios mais convencionais de reuniões, como equipamentos de videoconferência e quadros brancos.
"Não se trata de reinventar o centro de negócios, mas quando observamos o setor imobiliário do hotel, chegamos à conclusão de que o velho centro de negócios é praticamente irrelevante para o viajante de hoje em dia", explicou Brian Povinelli, vice-presidente e líder de marca global da Westin.
The New York Times
Reunião de negócios em outro espaço do Redmo­nd Marri­ott Town Cente­r, hotel em Redmo­nd, Washington
"Você não precisa mais da tecnologia embutida como antes", acrescentou ele. "Isso hoje é um problema menor, pois todos trabalham com tablets ou algo assim." O Westin pretende inserir esse tipo de espaço em mais de seus hotéis.
Os espaços corporativos da Marriott e da Starwood podem ser reservados via LiquidSpace.
Além da internet sem fio e da atmosfera casual, o apelo desses espaços é que eles são disponibilizados sob demanda. A maioria das reservas é feita 48 horas antes, disse Roe, embora algumas sejam feitas com menos de uma hora de antecedência.
Alguns espaços nas diversas marcas da Marriott –como uma mesa ou um recuo no lobby– têm reserva gratuita, e os preços de espaços mais fechados com comodidades tecnológicas são consideravelmente menores do que os aluguéis de salas de reuniões comuns.
Segundo Roe, a maioria deles não chega a US$ 200 por meio dia. Os dois espaços corporativos da Starwood nos EUA são alugados por US$ 50 a hora.
Os hotéis se beneficiam até mesmo quando os viajantes reservam espaços gratuitos, já que muitos deles acabam comprando alimentos ou bebidas. E o LiquidSpace recebe uma parte da taxa que os usuários pagam de aluguel.
Embora a maioria dos usuários iniciais tenha sido formada por hóspedes dos hotéis, disse Roe, ela espera que as futuras reservas venham de executivos locais buscando um local para trabalhar ou fazer reuniões, além de viajantes. Povinelli, da Westin, acredita que o uso por residentes locais ficará entre 25% e 30% das reservas. "Nos dois pilotos na América do Norte, estamos vendo um bom incremento nos negócios locais", garantiu ele.
"O melhor caso é se os viajantes pensarem em nossos hotéis como um local de trabalho mesmo quando estiverem em suas casas", argumentou Roe. Fortalecer os laços locais também ajuda os hotéis a se isolar contra crises nas viagens de negócios.
O uso de espaços como hotéis está aumentando, com empresas reduzindo tamanhos de escritórios e mais funcionários trabalhando remotamente, explicou Richard Kadzis, porta-voz da CoreNet Global, associação de profissionais imobiliários.
Numa pesquisa do ano passado com 500 empresas norte-americanas, a CoreNet descobriu que 40% esperavam destinar 10 metros quadrados ou menos por funcionário em cinco anos. Em 2010, a média era superior a 20 metros quadrados por pessoa.
"Em metade dos casos, o espaço atribuído fica vazio", disse Kadzis. "Hoje, no ambiente corporativo tradicional, não precisamos mais de tantos metros quadrados por pessoa."

FONTE: IG ECONOMIA

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